Vendo os arquivos do blog tendo
em mente os novos projetos, percebi que uma parte - muito importante por sinal
- do trabalho ficou de fora das postagens. Então antes de atualizar com coisas
novas, tenho a obrigação moral de concluir o que comecei por aqui.
Pra quem tá chegando agora, vale dar uma olhada na APRESENTAÇÃO pra entender do que se trata o blog (e se ficar interessado, cola na INTRODUÇÃO.
Já falei dos trabalhos de TATUAGEM URBANA que fiz, (como o SELO INMETRO DE PROSTITUTA LIMPINHA e o SACI CRK) e ficou faltando falar das PIXAÇÕES HUMANAS, relação quase que inversamente proporcional, onde a referência visual do contexto urbano sai do muro e invade a pele.
Pra quem tá chegando agora, vale dar uma olhada na APRESENTAÇÃO pra entender do que se trata o blog (e se ficar interessado, cola na INTRODUÇÃO.
Já falei dos trabalhos de TATUAGEM URBANA que fiz, (como o SELO INMETRO DE PROSTITUTA LIMPINHA e o SACI CRK) e ficou faltando falar das PIXAÇÕES HUMANAS, relação quase que inversamente proporcional, onde a referência visual do contexto urbano sai do muro e invade a pele.
Como já disse em outra postagem,
“O suporte deste trabalho é o corpo,
primeiramente aquele feito de carne, sangue e pele, sagrado ou profano, o corpo
humano. O primeiro e o ultimo traje de uma pessoa, com o qual se entra e se
parte da existência mundana. Tido como o primeiro suporte da comunicação e o
mais próximo das relações sociais (...)O limite físico do ser individual no
mundo que o cerca, sua referência pessoal, é a superfície que divide o Eu dos
outros.” E a forma de gravar nesse suporte é a TATUAGEM.
Tanto no PIXO como no GRAFFITI, é clara a influência territorialista. Numa ligação direta com o local de origem - espaço físico e palco para as cenas urbanas - o grafite e o pixo surgem fortalecendo e expandindo este vínculo.
No graffiti nova-iorquino dos anos 70, as assinaturas espalhadas pela cidade e pelos trens mostravam o apelido e o número da rua em que o grafiteiro morava. Dessa forma, ao mesmo tempo em que estes sinais demarcam territórios, também imprimem na cidade rastros do vai-e-vem cotidiano, do fluxo de pessoas pelo espaço urbano coletivo.
TAKI 183
Ao deslocar-se para o corpo,
essas marcas bairristas ultrapassam um limite territorial. Nesta inversão, “o
espaço parece ter se esfarelado, trocando sua fixidez e imobilidade por um
espaço em fluxo, que coloca na conexão,
na mobilidade, nas relações e no sujeito em trânsito seu eixo
fundamental”¹*. Conectando pessoas aos seus habitats e transpondo fronteiras
geográficas, as PIXAÇÕES HUMANAS incorporam uma visão mais fluida do
território.
Tatuei pessoas que desejavam manter-se ligadas
ao seu ponto de partida, carregando no seu corpo um indício visual da
influência deste local em suas vidas. Com traços e tipografias vindas das ruas,
essas gravações atropelam a anatomia e se instalam definitivamente naquela
superfície. O território ganha o mundo à medida que este corpo se desloca.
35: DF, com letras inspiradas no estilo THROW UP.
36: Rua 12, gravada na perna de um grafiteiro do Núcleo Bandeirante.
37: Os
Dois Candangos segurando rolinhos, e o pixo ‘DF GANG’, feitos em um tatuador brasiliense
pouco antes de ele ir morar nos Estados Unidos.
38: SOUL do SUL, rabisco na mão de um
fotógrafo do Rio Grande do Sul.
1* Trecho do texto de Priscila ARANTES, Espaço
Urbano, investigação artística e a construção de novas territorialidades.
Retirado do livro Espaço e Performance.
De organização de Maria Beatriz de Medeiros e Mariana F.M. Monteiro.