12 maio, 2011

DIPLOMAÇÃO: estilhaços, fragmentos e proposta final.


Comecei o blog com a ideia de “acompanhar o desenvolvimento da minha pesquisa acadêmica (UnB), e também, divulgar assuntos relacionados aos temas tratados nos meus estudos. Uma formar de compartilhar as informações encontradas com o público interessado, dando abertura para um dialogo mais dinâmico com os leitores. O trabalho (minha futura monografia) trata das conexões entre tatuagens e pichações, simbologias e conceitos destas visualidades ligadas à marginalidade e seus desdobramentos, seja no corpo humano ou no corpo urbano. A tatuagem da cidade e a pichação do corpo são os pontos iniciais da pesquisa poética onde se baseia a minha produção artística, que apresenta estudos nas áreas da Gravura, da Composição Urbana e da Body Art.” Como dizia no post de apresentação...

Em Janeiro deste ano conclui essa etapa do trabalho, terminei o texto, participei da exposição dos formandos, defendi minha monografia na banca, e fui aprovado!


Agora volto a dividir com vocês fragmentos do que se tornou essa minha vivência entre pichações humanas tatuagens urbanas, começando por um pequeno pedaço do texto ESTILHAÇOS (que aparece no segundo capitulo da monografia) :

Do mesmo modo que o deslocamento de uma composição urbana destrói seu fator fundamental de compor junto com a cidade, ou ainda como o ato de arrancar uma pele tatuada neutraliza toda sua importância social, escrever este texto sem atravessá-lo com imagens, seria como o manter algemado. E pior, transformaria a escrita em grades e correntes que manteriam a obra “aprisionada por códigos”, deixando-a “esmiuçada em elementos precisos que possam se tornar significados”*.

Não pretendo, e muito me assusta, a ideia de fazer do texto uma arma contra a própria obra. Jamais pretenderia apresentar minha composição visual através de um tradicionalismo linguístico, que visa torná-la “palavra, significado específico, um manual de utilização”*. Obra e texto são filhos da mesma pesquisa, e compartilham características e personalidade.


Assim apresento o conceito de TEXTO-OBRA, onde a parte conceitual, está intimamente relacionada com a composição visual da obra, seja artística ou literária. E continuando nessa linha interdependente, conectando o trabalho teórico e prático, apresento a proposta final...

A CASA
“Se a igreja é a casa de Deus, a cadeia é a casa do ladrão. É com esse sentido que as catedrais são gravadas nos corpos de criminosos russos, como forma de respeito e apreço pelo lugar-base de sua facção. Estes templos demostram a passagem do bandido pela casa de detenção, escola da máfia, e as torres desenhadas nestas catedrais representam o número de condenações que o portador da tatuagem cumpriu no cárcere.

Deslocado este signo para a minha experiência acadêmica, passaria então a representar a UnB, mesclando aspectos e vivências dos meus sete anos de curso – justamente o número de torres que desenhei para a obra. As paredes da igreja serão construídas com base no conhecimento transmitido pelos professores, feita com recortes de textos, provas, apostilas e todos os documentos acumulados por mim durante minha passagem pela universidade. Ato que valoriza o aprendizado que tive na instituição, colocando-o como parte da obra de arte, ao mesmo tempo que me desapega da papelada que guardei por tanto tempo. O trabalho será então colado, como um cartaz de rua, na parede do Instituto de Artes, na época da exposição dos formandos deste semestre.

Mas não será apenas o corpo coletivo que carregará esta marca. Minha presença na universidade ficará exposta em seu muro, da mesma maneira que a influência da academia na minha vida ficará visível em meu corpo.”









Com trabalhos espalhados pelas ruas, em muros ou em corpos, surge uma questão: Como apresentar meu trabalho numa galeria? Como transportar esse trabalho para um ambiente estéreo de exposições de arte?

Para responder esta questão utilizo a fala do CRIPTA: “De forma documental, de uma forma que a rua estaria ali, mas sem estar ali. Estaria ali na forma de um registro”, quanto perguntei a ele como foi a passagem da pixação para o espaço institucionalizado da Bienal de São Paulo (a convite) sem que se perdesse justamente a essência transgressora da ação.

Com este mesmo pensamento, levarei para o Espaço Piloto (galeria na UnB) apenas fragmentos, resquícios poéticos de todo o processo de pesquisa acadêmica e criação artística, que resultaram no conjunto de obras aqui apresentados, sem que este perca sua principal característica.



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